Por Danilo Arcanjo
Gosto de pensar, de vez em quando, em como estão algumas coisas que vivenciei, como o Marketing há alguns 5 anos. De repente você começa a pesquisar e se depara com o Marketing 2.0, 3.0, 4.0. Sabe isso me lembra MP3, MP4, MP5... MP10. É questionável, mas é uma evolução. A tecnologia, a internet tudo isso vem rebocando e até rasgando todos os conceitos com a velocidade das mudanças.
Mas não vou falar de internet, facebook e etc. Na verdade quero compartilhar uma renovação que tive sobre a prática de uma das ferramentas do marketing na segmentação e estudo de mercado que me chamou bastante a atenção pela forma objetiva e extremamente rica na qual vêm sendo aplicada. Estou falando do Geomarketing, ou marketing geográfico.
O conceito é velho, aliás, já tem uns 60 anos e provavelmente você já estudou isso como um dos “tipos” de segmentação de mercado. Então você pode se perguntar qual é a novidade, assim como eu também me perguntei. Mas veja só, foi conversando com uma estudante do curso de Geoprocessamento do IFPB que descobri em que pé anda o assunto.
A conversa virou entrevista então aqui vai para todos:
Denize Monteiro
Estudante do curso de Geoprocessamento do IFPB.
Danilo Arcanjo - Como quase ninguém sabe o que é geoprocessamento precisamos de um esclarecimento.
Denize Monteiro: O geoprocessamento é o conjunto de técnicas relacionadas ao tratamento da informação espacial. O geoprocessamento pode ser aplicado em tudo o que pode ser posicionado, por exemplo, a topografia de um terreno, distribuição de uma população em uma região, etc. Quem quiser mais detalhe pode acessar http://www.mundogeo.com
Danilo Arcanjo - Onde entra o Geomarketing como aplicação do geoprocessamento?
Denize Monteiro: O geomarketing responde a questões como: onde estão os clientes, onde estão os fornecedores, onde estão os concorrentes, entre outros. Os novos conceitos de business intelligence não podem prescindir das ferramentas de geo, elas são capazes de mapear, literalmente, vários fatores críticos do sucesso, de forma a permitir às empresas agirem e decidirem com informações muito mais precisas sobre seus negócios como, por exemplo, onde a empresa deve instalar um novo posto de combustível.
Danilo Arcanjo - Por falar em exemplos, quais casos reais podem ser citados?
Denize Monteiro - Um exemplo clássico é o do Grupo Pão de Açúcar. Com base em estudos de geomarketing o grupo define onde e qual o tipo de loja será instalada. A marca “Pão de Açúcar” foca no consumidor que busca qualidade e atendimento diferenciado. Já o Compre Bem e Sendas tem como alvo a mulher dona de casa de classe média. O Hipermercado Extra é a marca das variedades a preços competitivos, enquanto o Extra-Eletro é especializado em eletroeletrônicos, móveis e itens de bazar. O Extra-Fácil e o Extra-Perto são supermercados de bairros específicos e o Assai foca tanto varejistas, quanto atacadistas, similar ao Makro e Atacadão. Dessa forma, a empresa atende diversos tipos de consumidores, com estratégias diferentes, atuando de forma geográfica.
Danilo Arcanjo - Exemplos são ótimos para convencer do quanto o geomarketing é contemporâneo, tem mais algum?
Denize Monteiro - Claro, são muitos os exemplos, mas dentre as grandes marcas gosto do caso do Boticário, que investe em Geomarketing e por acaso tenho um artigo muito interessante aqui nos meus arquivos.
Aqui são relatadas informações interessantes como o uso da ferramenta para dividir o Brasil em 3 grupos nos seus planos de expansão: os municípios onde não há lojas, os que possuem poucos pontos de venda e as grandes cidades.
Na continuação descreve o fato das lojas de rua ter menor fluxo do que as dos shoppings, mas a taxa de conversão das lojas de rua são maiores. O comércio de rua atrai principalmente os consumidores que residem próximos a ele. O tempo máximo de deslocamento que o cliente suporta para chegar ao local de compras é de até 15 minutos, segundo um estudo interno da companhia. A diferença dos shoppings é que a população flutuante não mora perto, mas trabalha próxima destes centros ou estão de passagem pela região por um motivo qualquer.
É interessante ver que para escolher os locais ideais para abertura ou reforma das lojas, a empresa estuda a densidade do comércio daquela região, o número de pontos comerciais e até a correlação dos segmentos de outras lojas com os produtos, e isso tudo a partir do Geomarketing.
Danilo Arcanjo - É realmente fascinante o que uma boa base de dados, o conhecimento para cruzá-los e representá-los em mapas são capazes de fornecer em termos de suporte à decisão. Quero dizer, não estamos falando apenas de mapear onde estão os clientes, mas sim de uma ferramenta com potencial de um verdadeiro sistema de inteligência para aplicação continuada.
Denize Monteiro - Outra aplicação interessante é a aplicação na área de logística para a definição de rotas eficientes em custo e tempo. Quando uma empresa decide se instalar em um determinado local ela precisa analisar as condições de acessibilidade dos clientes, fornecedores, prestadores de serviços, mão de obra, rotas e canais de entrega de seus produtos e serviços. Muitas vezes essa análise é ignorada por falta de conhecimento das ferramentas que possam ajudar a tomar essas decisões como os estudos de Geomarketing.
Danilo Arcanjo - Agora que já temos uma boa noção da aplicação prática do Geomarketing, o que pode ser destacado na forma como a ferramenta é utilizada atualmente?
Denize Monteiro - Nosso ambiente de mercado é cada vez mais dinâmico e transformador. A evolução das tecnologias geoespaciais com funcionalidades na internet potencializam o número de aplicações e usuários, provedores e consumidores de informação geográfica.
Podemos destacar um novo mercado, com outras dimensões de negócios, e que envolve:
A evolução dos Conceitos GIS (Geographic Information Systems) + internet + Inovação = Novos Negócios
Danilo Arcanjo – Para finalizar gostaria que você falasse sobre o curso de Geoprocessamento do IFPB e também sobre o mercado de trabalho.
Denize Monteiro - O curso superior de Tecnologia em Geoprocessamento tem possibilitado a disseminação de geotecnologias, a partir da participação efetiva de tecnólogos e estagiários nas atividades desenvolvidas por empresas privadas e órgãos públicos, como o INCRA, IBAMA, SUDEMA, AESA, CAGEPA, ASPLAN, Prefeituras Municipais e outros.
Os alunos têm participação ativa nos projetos de pesquisa e extensão do IFPB, no qual alguns trabalhos de conclusão de curso têm sido publicados em forma de artigos com merecidos destaques em eventos nacionais e internacionais demonstrando o nível acadêmico alcançado.
Quanto ao panorama no mercado de trabalho a área de geotecnologia é uma das que mais cresce em todo o mundo, e no Brasil não é diferente. Com um crescimento de 10% entre 2006 e 2007 e de 20% estimado para anos subseqüentes, considerando o conjunto dos componentes Dados, Software e Serviços, que inclui desde o fabricante até os prestadores de serviços e os desenvolvedores da tecnologia GIS, ultrapassando R$ 1 bilhão até o final do ano de 2008. (Dados da Pesquisa de Mercado desenvolvida pela empresa Intare Consultoria em Gestão da Informação).
Ainda sobre o mercado de trabalho, a demanda é cada vez maior e o número de profissionais ainda é pequeno. Perspectiva de salário inicial entre R$ 2.000 e R$ 3.500.
Agradecimento a Denize Monteiro pela disponibilidade e pelos esclarecimentos.
Excelente entrevista!
ResponderExcluirPrezados, gostaria muito de participar de alguma forma do blog dos senhores.
ResponderExcluirGeyson Eliakim
ge_eliakim@hotmail.com